terça-feira, 17 de julho de 2012

Como plantar Milho

    Clima e Solo


  O milho é uma planta que exige, durante o seu ciclo vegetativo, calor e umidade suficientes para produzir satisfatoriamente, proporcionando rendimentos compensadores.

  Pelo grande número de variedades existentes e o aprimoramento dos métodos de melhoramentos através da Genética, criando novas variedades e híbridos, esse cereal encontra possibilidade de cultivo em uma larga faixa do globo com grandes variações climáticas, apesar de sua origem tropical.

  Quanto à latitude, encontramos o milho sendo cultivado desde 58ºN no Canadá e União Soviética, até 40ºS na Argentina. No que se refere à altitude, é produzido desde altitudes negativas, ou seja, abaixo do nível do mar, na região do mar Cáspio até altitudes de 3.600 metros nos Andes Peruanos.


  Para as zonas temperadas, que possuem verão curto com dias longos, existem variedades precoces que em apenas 3 meses após semeadas, podem ser colhidas. Para as regiões equatoriais úmidas o ciclo da planta poderá atingir 10 meses ou mais. Nas regiões subtropicais ou tropicais, como ocorre no Planalto Central do Brasil, cultiva-se normalmente variedades ou híbridos de ciclo intermediário.

  A temperatura é fator limitante para a cultura do milho, existindo trabalhos demonstrando que, em regiões onde a temperatura média diária no verão é abaixo de 19,5ºC ou a temperatura média da noite cai abaixo de 12,8ºC, o milho não tem condições de produzir.

  Quanto à capacidade de germinar e iniciar o desenvolvimento vegetativo, poucas linhagens conseguem germinar satisfatoriamente em temperaturas abaixo de 10ºC.


  O período de florescimento e maturação é acelerado em temperaturas médias diárias de 260C e retardado abaixo de 15,5ºC.

  Quanto ao regime pluviométrico, regiões onde a precipitação varia de
250mm até 5.000mm anuais possibilitam a instalação da cultura de milho.


  Admite-se que o mínimo de 200 mm de precipitação, durante o verão, é indispensável para a produção sem irrigação.

  O clima mais favorável à cultura é aquele que apresenta verões quentes e úmidos durante o ciclo vegetativo, acompanhado de invernos secos o que vem a facilitar a colheita e o armazenamento.


  No Brasil, com exceção de algumas regiões da Bacia Amazônica, do Nordeste e extremo Sul, não há limitação climática para a produção do
milho.


 
    Escolha do terreno


  A escolha do terreno para a cultura do milho tem grande importância para que se consiga produções elevadas, capazes de proporcionar lucros compensadores. Deve-se destinar a essa cultura, preferivelmente, as glebas que possuem solos férteis, profundos, soltos e de boa permeabilidade à água e ao ar. Os solos encharcados não se prestam à cultura do milho.

  As glebas devem ser planas ou apresentar inclinações suaves, permitindo assim a maior mecanização possível de todas as operações exigidas pela cultura. Nas glebas muito acidentadas, não permitindo a mecanização, tem que se empregar mais mão-de-obra para realizar as operações necessárias, fazendo com que os lucros diminuam, além de apresentarem sérios problemas de controle da erosão, provocada pelas enxurradas.



    Solo

  Uma vez escolhido o terreno, o lavrador deve retirar a amostra do solo e enviá-la ao laboratório, onde será realizada a análise química através de laboratórios ou das Casas da Agricultura. A coleta de amostras de solo deve ser efetuada com bastante antecedência, para que as recomendações de adubação cheguem às mãos dos lavradores em tempo adequado. Assim a aquisição de corretivos e fertilizantes será feita com certa antecedência, evitando atropelos de última hora. Agindo dessa maneira, o lavrador terá tempo suficiente para se informar convenientemente sobre os fertilizantes a serem adquiridos e também a firma que lhe possa fornecê-los a melhores preços e condições. O lavrador não deve se esquecer do fato de que saber comprar influi também no lucro final de seu empreendimento.


  As instruções, para a coleta de amostras de terra para a análise química, devem ser observadas atenciosamente pelos lavradores. Essas instruções encontram-se detalhadamente descritas no verso do formulário que deve ser preenchido pelo lavrador e, se possível, com o auxílio de um Técnico. É interessante frisar que alguns laboratórios não procedem a análise de solo sem que esse questionário seja  preenchido.

  Outro ponto importante é a exatidão das informações que devem ser prestadas por ocasião do preenchimento desse questionário. Esse questionário consciente, exato e completamente preenchido, constitui um elemento de muito valor para o técnico que vai recomendar a adubação. Permite, juntamente com os dados obtidos no laboratório, fazer a recomendação mais adequada, principalmente do ponto de vista econômico.



    Preparo do solo

  O milho, como todas as culturas, tem necessidade de ser semeado num terreno bem preparado, sem o que a semente não terá condições favoráveis para uma boa germinação e também a planta terá dificuldades para desenvolver-se, acarretando queda da produção. Um bom preparo do solo visa, primordialmente, melhorar a relação solo-ar-água, além de eliminar as ervas daninhas que normalmente infestam as glebas, nos períodos que ficam desocupadas entre uma cultura e outra. Para que o preparo de solo seja satisfatório e as plantas venham se beneficiar, deve-se proceder, em primeiro lugar e preferencialmente, com alguma antecedência, a destruição dos restos da cultura que ocupou a gleba no ano anterior. Para isso o lavrador lança mão de grade de discos, roçadeira de pasto ou rôlo-faca. Não possuindo esses implementos, deve-se fazer o enleiramento desses restos no sentido de "cortar as águas" ou seguindo as curvas de níveis, se estas já estiverem marcadas sobre a gleba. Essa medida visa proteger o solo contra a ação das enxurradas, evitando a erosão e as queimadas, que podem vir, com o correr dos anos, comprometer seriamente a fertilidade do solo. A destruição dos restos culturais facilitar a sua decomposição bem como as operações, seqüentes, principalmente, a aração, semeadura e operações de cultivo.

  A aração deve ser processada a urna profundidade de 15 a 20cm, em número de uma ou duas conforme as condições e o tipo de solo. Se o terreno vem sendo cultivado seguidamente durante os últimos anos, uma única aração é suficiente. Se for terreno de pastagem ou estiver em descanso, enfim, estiver mais "sujo", poderá haver necessidade de duas arações, para que todos os restos fiquem bem enterrados e não venham a constituir obstáculos para as operações futuras, principalmente a semeadura que é uma operação que deve ser realizada com bastante capricho e exatidão.

  Segue a operação de gradagem que nos solos leves, arenosos, uma só, nas vésperas da semeadura, é o suficiente. Nos solos mais pesados, argilosos (terra roxa), pode haver necessidade de mais de uma gradagem.

  Qualquer que seja o tipo de solo e as condições em que se encontra, o importante é que, no final do preparo, esteja bem destorroado, para que as sementes e posteriormente as plantas encontrem as melhores condições de germinar e desenvolver-se bem.

  A gradagem feita nas vésperas da semeadura serve também para evitar que as ervas daninhas concorram com as plantas de milho, logo no início de seu desenvolvimento, época essa em que são mais prejudicadas pela concorrência de plantas invasoras.

  A destruição dos restos culturais pode ser iniciada desde terminada a colheita anterior, geralmente do mês de maio em diante, até fins de agosto. No início de setembro, ou mesmo antes, havendo condições de umidade ou conforme o tipo de solo, já se inicia a atação seguida das gradagens necessárias. Essas épocas referem-se às condições do Estado de São Paulo. O importante é que, no período compreendido entre fim de setembro e início de outubro, o solo esteja em perfeitas condições de receber as sementes.


  A conservação do solo implica numa série de medidas, todas orientadas no sentido de preservar ou melhorar a sua fertilidade e evitar as perdas por erosão. Assim é que o lavrador deve manter o controle sobre queimadas, adubações, rotação de culturas, executar culturas em faixas alternadas, alternar capinas, adotar plantio em nível, construir cordões em contorno e fazer terraceamento. As práticas mecânicas de conservação do solo devem ser aliadas às práticas vegetativas para que o conjunto se reflita numa conservação racional, eficiente e segura.

  Sendo um conjunto de práticas relativamente complexo, o lavrador deve sempre recorrer a um Técnico para que seja devidamente orientado, evitando assim perda de tempo e dinheiro.

--------------------------------------------------------------

   Semeadura



  O milho, no Estado de São Paulo, pode ser semeado desde setembro até novembro, conforme as condições de umidade do solo. A época mais recomendada, conforme experiências realizadas, é o mês de outubro.

  Não se deve antecipar e nem atrasar muito a época de semeadura, tomando-se como referência o mês de outubro. Pode-se observar, na prática, que há uma queda progressiva de produção, principalmente quando a época de semeadura é retardada para os meses de novembro e dezembro. Esses dados são válidos para a Região  Sul do Brasil, de Minas até o Rio Grande do Sul. Para o norte do país o milho é semeado nos meses de março a abril. Para o Estado de São Paulo, a semeadura sendo realizada em outubro, o florescimento ocorrerá em dezembro-janeiro que normalmente é uma época do ano bastante chuvosa. Sabe-se que durante o período de florescimento, que ocorre entre 75 e 80 dias após a semeadura, é a fase em que as plantas de milho mais necessitam de calor e umidade no solo. Portanto a semeadura de outubro é a que mais convém e a que oferece mais segurança no sentido do solo possuir umidade suficiente, no período de maior necessidade das plantas.


  Um dos pontos básicos para o sucesso econômico de uma cultura de milho é a aquisição, por parte dos agricultores, de sementes de "boa qualidade". 

  Se há um ponto em que o lavrador não deve procurar economizar é na aquisição de boas sementes, pois de nada adiantará gastos elevados com um bom preparo de solo, adubação, cultivos, etc. se o material semeado não tiver condições de lhe proporcionar uma cultura altamente produtiva. Do gasto total, desde o preparo de solo até a colheita, a aquisição de boas sementes não ultrapassa, via de regra, 4 a 5% desses gastos.


  Quando os técnicos insistem, junto aos lavradores, no sentido de empregar sementes selecionadas de híbridos ou variedades, há razões diversas para justificar essa insistência:


  - a produção é maior, cerca de 25 a 30% mais que as variedades antigamente cultivadas ou qualquer outra semente sem origem determinada, ou seja, sementes retiradas do próprio paiol do lavrador;
  - os híbridos possuem maior resistência às condições desfavoráveis, principalmente falta de chuvas; possuem sistema radicular mais vigoroso, possibilitando maior exploração do solo na absorção de nutrientes, maior resistência ao acamamento, doenças, etc;
  - possuem grande uniformidade tanto no que se refere ao tamanho das plantas como a altura de inserção das espigas, o  que vem facilitar a colheita, principalmente mecanizada;
  - os híbridos permitem a obtenção de grãos uniformes, tanto na cor como na consistência, apresentando-se comercialmente mais vantajosos;
  - atualmente, com o sistema de crédito agrícola orientado, adotado por parte da rede bancária, tanto oficial como particular, há exigências no sentido de que o lavrador, para obter financiamento de sua atura, use semente selecionada.

  Calagem e Adubação

  Conforme os resultados da análise da terra enviada pelo lavrador, juntamente com outras informações sobre a gleba onde será cultivado o milho o Técnico recomendará a adubação mais adequada e aplicação de corretivos se for necessário.

  Calagem: A erosão, o cultivo intensivo, o clima e a própria origem do sol podem ser os responsáveis pela menor ou maior acidez de um solo. A acidez de um solo é expressa por um índice denominado pH (potencial hidrogeniônico). A escala de pH varia de 0 a 14, sendo que 07 é o valor neutro. 
  Quando numa análise aparece pH menor que 07 dizemos que o terreno é ácido, pH maior que 07 é alcalino. As plantas de modo geral requerem um solo que não possua acidez elevada, ou seja, o índice pH deve girar entre 06 e 07.

  Existem plantas que toleram um solo apresentando pH mais baixo, portanto, mais ácido, outras já exigem solos com pH mais elevado, até mesmo acima de 07.

  O milho desenvolve-se bem em solos cujo índice pH esteja compreendido entre 5,5 e 7,5. Existe outro tipo de acidez determinada por altos teores de Alumínio trocável no solo denominada acidez nociva ou tóxica, esta de grande importância, sendo causa de baixas produtividades, em muitas culturas de milho. O alumínio quando aparece livre no solo acima de certos limites, é um elemento tóxico às plantas.

  Essas formas de acidez quando ocorrem em um solo, procura-se neutralizá-las através da calagem que nada mais é que a aplicação de materiais contendo cálcio e capazes de diminuir ou mesmo eliminar essa acidez. Esses materiais contendo Cálcio são denominados genericamente de corretivos sendo o principal o Pó Calcário e dentre os tipos de Calcário, o Dolomítico é o mais empregado, pois contém cerca de 25 a 30% de CaO e 13 a 20% de MgO, sendo o magnésio um elemento importante na nutrição vegetal.

  Para a cultura do milho, dados experimentais demonstram que para uma exploração econômica o pH não deve ser inferior a 5,0 e o teor de cálcio inferior a 2,0 e.mg/100ml de solo.

  Com o pH acima de 5,4 a experimentação demonstrou que não há resposta a aplicação de calcário e entre os valores 5,0 e 5,4 a resposta e intermediária. Desses resultados deduz-se que as recomendações de calagem só devem ser feitas, depois de obtido, através da análise da terra o índice pH e o teor de Cálcio do solo. Quando houver necessidade de aplicar o calcário, mesmo que pelos resultados analíticos haja necessidade de quantidades razoáveis de corretivo, do ponto de vista prático é aconselhável não ultrapassar a quantia de 2 toneladas/ha por ano.


  Quanto a época de aplicação, o calcário deve ser esparramado sobre o solo com bastante antecedência, no mínimo 60 dias antes da semeadura, e igualmente distribuído sobre o terreno. A pesquisa determina que o melhor resultado se obtém quando a dose recomendada é aplicada parceladamente, sendo a metade dessa dose aplicada ante da aração e a outra metade depois da aração, fazendo-se em seguida a incorporação pela gradagem.

  A ação benéfica da calagem reflete-se às vezes, não pelo fato de se conseguir uma elevação do índice pH do solo, mas sim, pela eliminação do Al+++ trocável do solo (acidez nociva).

  A calagem corretamente recomendada aumenta a eficiência da adubação mineral, tornando-a econômica, quando não o seria, levada a efeito sem a devida correção do solo. Por essa razão a aplicação isolada do calcário como corretivo é contra indicada.

  A calagem quando praticada em excesso pode acarretar o desequilíbrio catiônico do solo, prejudicando a absorção pelas plantas do potássio e do magnésio. Pode também pela elevação a níveis superiores do pH, diminuir a disponibilidade de micro-nutrientes como o manganês, ferro, boro, cobre e zinco e reduzir a solubilidade do fósforo e provocar a perda de fertilizantes nitrogenados (Na amoniacal). Por essas razões e outras já apontadas a calagem é uma prática que deve ser orientada por Técnicos e o agricultor nunca deve  processá-la sem uma consulta prévia com os técnicos.


Calculo de Calagem

  - Abudação de Plantio: Em função dos teores de fósforo e potássio dados pela análise do solo.

  - Adubação em cobertura: Aplicar 40 kg/ha de nitrogênio;
  - Calagem: A quantidade de calcário deve ser calculada com base na análise de solo e de acordo com a fórmula:


N.C. =
T(V2 - V1)
x f
100


NC = necessidade de calcário em tom/ha;
T = capacidade de troca catiônica do solo ou a soma de k+Ca+Mg+H+H, em e.mg/100cm3de terra, dados pela análise do solo;
V2 = porcentagem de saturação de bases desejada, para milho usar 60%;
V1 = porcentagem de saturação de bases fornecidas pela análise do solo;
f = 100/ORTN; fator de correção considerando a qualidade do corretivo, sobretudo o grau de finura; pode-se usar f =1,5.


   Adubação

  As aplicações de fertilizantes juntamente com a colheita, são os dois fatores que atualmente mais oneram o custo de produção do milho. Por essa razão a adubação é uma prática que deve ser levada a efeito sob uma orientação segura.

  A base para essa orientação é a análise química do solo e as demais informações sobre a gleba, contidas no questionário enviado ao laboratório, juntamente com a amostra de terra. Cada gleba de terra, conforme a análise, o tipo de solo e o seu uso atual, constitui-se num caso particular para recomendação de uma adubação racional, razão pela qual não se deve indicar uma fórmula geral.

  A adubação da cultura de milho é feita normalmente em duas fases:
a adubação básica e a adubação nitrogenada em cobertura.

  A adubação básica NPK é aplicada no sulco, via de regra, concomitantemente à operação de semeadura. Nessa ocasião aplica-se a dose total recomendadas de fósforo e potássio e apenas 1/4 a 1/3 da dose total de Nitrogênio.

  Deve-se tomar cautela para que os fertilizantes fiquem fora de contato com as sementes, para que não haja perigo de prejudicar a germinação.

  A posição ideal do fertilizante em relação às sementes no solo é que fique ao lado e pouco abaixo das mesmas.

  A aplicação de Nitrogênio em cobertura deve ser processada aos 35 dias após a germinação e preferivelmente após um dos cultivos, para que o fertilizante não venha a beneficiar ervas daninhas existentes no terreno, em prejuízo das plantas de milho. Um outro ponto de referência para a aplicação do fertilizante nitrogenado em cobertura, é quando as plantas estejam a altura dos joelhos.

  Tanto na aplicação da adubação básica como em cobertura o fertilizante deve ser distribuído mais homogeneamente possível e na dosagem correta. Para isso há necessidade de regular com exatidão as adubadeiras. 

  Esse equipamento quer seja de tração animal ou motora, só fica bem regulado quando o teste é feito em condições de trabalho, sobre a terra que vai ser trabalhada. Para isso o lavrador primeiramente faz uma regulagem grosseira, depois com o recipiente devidamente cheio de adubo, percorre uma determinada distância, 50m, por exemplo, no próprio terreno, como se estivesse realmente semeando e adubando, tendo o máximo cuidado de fechar a saída do adubo, próximo ao solo, com um saquinho plástico.

  Percorrida essa distância previamente marcada, retira-se o saco plástico e pesa-se, verificando, posteriormente, se a quantia de adubo que caiu, confere com a quantia que deve ser distribuída por metro de sulco. Se cair demais ou de menos, por tentativa, deve repetir essa operação até que a quantia caída seja a recomendada. Esse trabalho feito em terreno firme, sobre piso ladrilhado ou girando a roda motora da adubadeira quando levantada, nunca dá a regulagem exata que se obtém quando se efetua essa tentativa sobre o próprio terreno e nas condições que se apresenta, condições essas reais de trabalho. O evidente que dá um pouco mais de trabalho, mas compensa.

  É conveniente que de vez em quando a regulagem seja conferida, pois pode haver alteração principalmente com as mudanças do estado de umidade do solo, condições de preparo do mesmo e também por variações de umidade e estado de agregação do fertilizante.

  Quantos aos resultados da adubação química em termos de aumento de produção, de modo geral há uma resposta positiva, mas é conveniente que o lavrador não despreze o aspecto econômico dessa prática, pois nem sempre a maior produção é a mais econômica, ou seja, a que dá mais lucro. As recomendações de adubação devem levar em consideração não só as exigências da planta e do solo, mas também o fator econômico dessa prática, e os resultados obtidos em condições de grandes culturas no Estado de São Paulo, comprovam que a adubação feita segundo as recomendações técnicas, via de regra, dão resultados econômicos altamente compensadores.

  Finalmente outro aspecto importante sobre adubação e que tem grande significado no aumento de produção é relativo à matéria orgânica. É notadamente sabida a deficiência de matéria orgânica na grande maioria de nossos solos. Qualquer adição de matéria orgânica quer seja através da adubação verde, esterco de curral, de galinha, etc., obtém-se respostas altamente significativas.

  Nota-se em geral, grande desperdício de tão valioso material nas nossas fazendas, razão pela qual faz-se um alerta aos lavradores que procurem racionalmente levar esse material aos campos de cultura, ao invés de perdê-lo por simples abandono.


Semeadura

  A semeadura compreende diversas operações e normas técnicas que devem ser adotados pelos lavradores. Pode-se mesmo afirmar que a semeadura, feita corretamente, é uma das operações que maior implicação tem na produção a ser obtida. Mesmo que o solo seja muito bem preparado, conservado, fertilizado, produções medíocres serão obtidas se a semeadura não for feita corretamente. Espaçamento, quantidade de semente e modo de semear, são os três aspectos mais importantes da operação de semeadura e para os quais o lavrador deve voltar toda a sua atenção e procurar executá-los da melhor maneira possível, para que prejuízos futuros não ocorram.

  A primeira operação a ser executada é o sulcamento ou riscação do terreno. Se a semeadura for executada por semeadeiras de tração com trator, de duas ou mais linhas, o sulcamento é feito simultaneamente com a operação de semeadura propriamente dita. Essas semeadeiras normalmente possuem os sulcadores adequados para essa operação. Quando se emprega a semeadeira de tração animal, há necessidade de executar a riscação ou sulcamento do terreno numa operação independente da semeadura. Com as semeadeiras de tração animal não é possível executar as duas operações simultaneamente, como nas de tração motora.

  O sulco ou risco deve ter uma profundidade em torno de 15cm. e largura de 30cm, conforme o esquema abaixo. 

  Executado segundo essa recomendação, esse sulco apresenta vantagem, principalmente no que se refere à facilidade de cultivo para controle de ervas daninhas, que se desenvolvem junto com as plantas de milho, logo após a germinação.

  Quando na gleba já estão locadas as linhas de nível, o sulcamento deve obedecer ao sentido das mesmas. Caso não haja essa marcação, será executado procurando a direção que "corte as águas".

  A segunda operação é a semeadura propriamente dita e que envolve principalmente espaçamento, regulagem das semeadeiras e cobertura das sementes.

  O espaçamento adotado deve ser o de 1metro entre os sulcos e as semeadeiras reguladas para deixar cair de 6 a 7 sementes por metro do sulco, quando se tem um semente com 90% para mais de germinação. As semeadeiras, tanto de tração animal como motora, possuem duas aletas colocadas posteriormente do local que deixa cair às sementes no solo, que devem ser bem reguladas para que a quantia de terra colocada sobre a semente seja uma camada uniforme, de 5 cm mais ou menos.

  Essa recomendação relativa à quantidade de sementes por metro de sulco é dada no sentido de se obter, no final do ciclo da cultura, cinco plantas produtivas por metro, que é a população ideal de plantas por unidade de área, ou seja, 50.000 plantas por ha ou cerca de 120.000 plantas por alqueire paulista.

  Resultados obtidos nos ensaios de espaçamento de milho, realizados pelo Instituto Agronômico de Campinas, mostraram os seguintes resultados:




  Espaçamento
(em metro)
Produções obtidas em kg/ha
1 planta
2 plantas
0,20 
4.690
4.060 
0,40
3.930
4.460
0,60
3.210
4.120
0,80
2.720
3.690
1,00
2.160 
3.240




  Pelo quadro acima, nota-se que o espaçamento de melhor resultado foi o de 20cm entre uma planta e outra. Como os sulcos são distanciados 1 metro entre si, a população das plantas será da ordem de 50.000 por hectare.

  O espaçamento pode sofrer variações, pois a recomendação acima pode não ser a mais correta levando em consideração a fertilidade do solo, ou a quantidade de fertilizantes aplicados. Por essa razão, o lavrador que vem plantando milho ou outra cultura durante anos seguidos, portanto, conhecendo bem a capacidade de produção de seu solo, deverá ter o conhecimento do espaçamento que melhor produz em suas terras.

  A recomendação de 6 a 7 sementes por metro de sulco, com o objetivo de se obter 50.000 plantas/ha, é a que proporciona melhor resultado, partindo do princípio de que o solo seja bastante fértil ou as adubações corretamente processadas.

  Como se pode notar, a quantia de sementes que se recomenda, está um pouco acima do número de plantas que se pretende obter por metro de sulco. Essa recomendação é plenamente justificável porque dificilmente 100% das sementes germinarão e mesmo que germinem algumas plantas poderão sofrer danos mecânicos por ocasião dos cultivos, serem atacados por alguma praga, etc. Há assim uma garantia de se obter uma população razoável por unidade de área, sem o que infalivelmente não se obterá as melhores produções, mesmo que todas as operações e adubação sejam corretamente executadas.

  Essas recomendações para a operação de semeadura partem do princípio de que o lavrador possua, pelo menos, uma semeadeira/adubadeira, de tração animal. A semeadura realizada manualmente, ou com equipamento mais rudimentar, deixa muito a desejar, e, só se justifica para áreas muito pequenas, que não compense ao lavrador possuir um animal, e uma semeadeira/adubadeira. É um equipamento relativamente barato e serve também para adubar e semear outras culturas, o que torna sua aquisição menos onerosa.


--------------------------------------------------------------
Pragas e Doenças



  O milho também é atacado por diversas pragas que podem ocasionar prejuízos à produção.

  Quanto ao problema de doenças, as variedades e híbridos recomendados, foram selecionados visando também resistência às doenças. Pode-se afirmar, principalmente nas condições do Estado de Paulo, com raras exceções, as doenças não têm aparecido a ponto de causar sérios prejuízos à cultura.

  O controle de pragas na cultura de milho ainda é uma prática executada esporadicamente pelos agricultores. Em outras culturas como o algodão, amendoim, citrus, etc, esse fato não ocorre pois os lavradores que a elas se dedicam tem uma preocupação permanente com relação às pragas que as atacam. 


  Com relação à cultura do milho, tem-se verificado um progresso palpável nas práticas de fertilização, emprego de sementes selecionadas, tratos culturais, etc. Quanto ao controle de pragas, a cultura, praticamente, não sofreu grandes evoluções, motivo pelo qual defrontamos com lavouras muito bem semeadas, adubadas e cultivadas, mas chegando à colheita com produtividade relativamente baixa.


  Um dos principais fatores responsáveis pelo baixo rendimento obtido na cultura de milho no nosso meio é a ausência de controle de pragas. Dentre as causas da não adoção dessa prática, pela grande maioria dos lavradores, pode-se citar:


  - O milho sendo uma cultura extremamente difundida, sofre uma variação muito grande no grau de tecnificação, de acordo com regiões, grau de instrução e poder aquisitivo dos lavradores, tamanho das culturas e principalmente com a finalidade da produção;
  - O produto, via de regra, apresenta uma grande oscilação de preço, com baixas acentuadas durante a safra, concorrendo para que os lavradores sintam-se inseguros no sentido de investir maior soma com a cultura;
  - Dificuldade de aplicação de inseticidas, devido ao rápido desenvolvimento das plantas, atingindo porte que torna difícil o tratamento com aplicadores manuais ou mesmo mecanizados, que convencionalmente, são utilizados em outras culturas de porte menos elevado;
  - Falta de divulgação, entre os lavradores, da existência de aparelhos adequados para aplicação mais eficiente e correta dos inseticidas;
  - Falta de demonstração da viabilidade econômica e vantagens que o tratamento contra as pragas proporciona sobre o rendimento da cultura;
  - Falta de conhecimento, por parte dos lavradores, sobre as principais pragas da cultura e os prejuízos que acarretam;
  - Falta de um esquema de tratamentos, como os existentes outras culturas, que venha a servir de orientação aos lavradores fornecendo-lhes, também, condições para calcular o custo dos inseticidas e das aplicações. Esse aspecto, talvez, seja um dos importantes, pois, havendo possibilidade de se fazer essa previsão de gastos, os mesmos poderão ser ajustados com maior segurança dentro dos limites econômicos que a cultura permite.


  Uma vez apontadas as principais causas e dificuldades que impedem a adoção da prática de controle de pragas na cultura de milho, surge necessidade de encarar o problema com o objetivo de fazer com que os lavradores passem a adotá-la e a mesma se torne rotina, evitando que grandes prejuízos ocorram, principalmente, nos anos que ocorrem ataques mais intensos.

  Tem-se verificado que os maiores prejuízos devido às pragas ocorrem na fase inicial de desenvolvimento da cultura, quando as plantas ainda, estão com um porte que permite fazer o tratamento sem maiores dificuldades e empregando-se aparelhamento convencional, tanto manual como mecanizado.

  Uma orientação que inicialmente pode ser adotada a fim de diminuir prejuízos e com o objetivo de introduzir paulatinamente essa prática entre os lavradores, é a recomendação de um tratamento até, mais ou menos, dez dias após a germinação. A partir desse tratamento, a cultura deve ficar sob observação principalmente visando detectar o início do ataque da lagarta do "cartucho" (S. Frugiperda), quando o segundo tratamento será efetuado se houver necessidade. Esse segundo tratamento, se necessário, via de regra, poderá ser executado sem grandes dificuldades porque as plantas ainda possuem um tamanho que não impede a operação seja ela executada com aparelhos manuais ou mecânicos. Daí para frente, as plantas com porte já elevado, havendo ataque intenso de lagartas, o único meio mais viável de controle será o polvilhamento e empregando-se polvilhadeira mecanizada com grande capacidade de alcance. Para culturas de pequenas áreas a aplicação pode ser executada com aparelhos manuais, mas com certo desconforto para o operador e expondo-o à ação maléfica do inseticida.

  Aparelhos especiais para aplicação de inseticidas na forma ultraconcentrada (LVC), podem ser usados e com grande resultado, contornando essa dificuldade de aplicação devido ao porte elevado das plantas já numa fase mais adiantada de seu desenvolvimento.

  Como última recomendação, não se pode esquecer a importância do controle cultural, que consiste de uma série de medidas que sendo executadas, concorre de maneira efetiva para a diminuição das infestações podendo reduzi-las a níveis mais baixos. É interessante frisar que o controle cultural implica em operação normal da cultura de milho, mas que devem ser executadas com certo critério, principalmente no que diz respeito à época, sendo, portanto uma medida que não implica em gastos extras.


  
  Medidas que devem ser adotadas

  - Colheita em época certa, seguida de destruição dos restos culturais e entorno dos mesmos;
  - Preparo do solo bem executado e na época adequada;
  - Manutenção da cultura e das áreas adjacentes no limpo, ou seja, isentas de ervas daninhas e outros tipos  de vegetação que, normalmente, servem de hospedeiros das pragas.
  - Rotação de culturas é uma medida importante não só sob o aspecto de controle cultural das pragas, mas também sob o ponto de vista de fertilidade e conservação do solo.

  Quanto ao controle biológico, algumas pragas têm inimigos naturais, que, geralmente também, são insetos, mas, o controle por essa via é praticamente desprezível, o controle biológico, geralmente ocorre por parasitismo mas não pode ser considerado um fator importante. Mais importante são os predadores, especialmente os pássaros.



  Principais pragas do solo

  Formigas: causam grandes prejuízos, principalmente, quando as plantas ainda são pequenas. As formigas  devem ser combatidas antes da aração e se necessário, far-se-á um repasse depois do solo estar preparado, antes da semeadura. Quanto ao controle da formiga, deve-se consultar o Técnico Agrícola e ele, fornecerá instruções detalhadas, sobre a maneira de aplicar o veneno e quais os que devem ser usados.

  Cupins: são insetos subterrâneos e atacam as raízes das plantas e podem ocasionalmente causar sérios danos à cultura. Seu combate é feito através de aplicação de inseticidas aplicados no sulco da semeadura.

  Percevejo Castanho: vive sob o solo e ataca as raízes. O seu controle é feito da mesma maneira que dos  cupins;

  Lagarta Rosca: uma lagarta de hábitos noturnos. Durante o dia ela fica escondida debaixo da terra e à noite sai, atacando o colo das plantas no início do crescimento. Seu combate é feito com inseticidas, aplicados em pulverização;

  Lagarta Elasmo: Esta lagarta ataca as plantas no início do crescimento, na parte da planta próxima ou logo abaixo do solo. Ela constrói galerias no interior do colmo, prejudicando grandemente o desenvolvimento das plantas. Seu combate é feito através de inseticidas. As aplicações podem ser feitas tanto em polvilhamento como em pulverização, procurando sempre atingir o colo das plantas.


  Principais pragas da parte aérea

  Lagarta dos Milharais:  ataca as folhas e posteriormente introduz-se no cartucho, alimentando-se das folhas, atrasando o crescimento das plantas, causando prejuízos consideráveis. É considerada como uma das pragas que mais prejuízos causam à cultura;

  Lagarta dos Capinzais: alimenta-se das folhas e tem grande voracidade, destruindo todas as folhas, deixando somente o colmo e causando grandes danos à cultura;

  Essas duas lagartas são combatidas com inseticidas em pó ou líquido.
Para a lagarta dos milharais (lagarta do cartucho) deve-se preferir a forma líquida e dirigir o jato do pulverizador para o interior do cartucho das plantas.

  Lagarta das Espigas: ataca as espigas desde o início da formação dos grãos e durante a fase do estado leitoso, podendo também atacar as folhas. Além de destruir em parte as espigas, deixa orifícios na palha, por onde penetram fungos e outros microorganismos e água de chuva, concorrendo assim para a deterioração da espiga. Seu controle é difícil, pois a lagarta aloja-se dentro da espiga e fica muito bem protegida. Usa-se para o seu controle inseticidas clorados, misturados com óleos miscíveis, que auxiliam a penetração do inseticida no interior da espiga, através dos cabelos. O jato de pulverização deve ser dirigido diretamente à extremidade da espiga, na região dos cabelos;

  Pulgão:  o milho ainda é atacado por pulgões que além de sugarem as plantas, são transmissores de doenças viróticas. Seu controle é feito com inseticidas fosforados;

   Pragas no armazém

  O milho quando armazenado, quer seja em grão ou em palha, é atacado por diversas pragas que podem facilmente comprometer a qualidade do produto bem como provocar grande perda de peso.

  As duas principais pragas do milho armazenado são: carunchos e traças. O controle dessas pragas deve ser feito com inseticidas misturados aos grãos na dosagem indicada. Se o milho for armazenado em palha, devemos limpar e desinfetar bem o paiol e depois de cada camada de espigas (com cerca de 20 cm) polvilhar bem o inseticida na dose indicada. A eficiência desse tratamento do milho em palha é discutida e experiências demonstram que o controle não é satisfatório.

Nenhum comentário:

Postar um comentário